Os homens e a pornografia

Ai, ca nojo! Tira isso! Que horror!
Estes são alguns dos comentários que as senhoras costumam fazer de cada vez que um gajo está a fazer zapping depois da meia-noite e passa por aquele canal do cabo, o XXX, onde dão uns filmes jeitosos (ou melhor, davam, porque há uns tempos que aquilo deixou de emitir - já agora, mas porquê? Porquê, pá? Vou ter de ir partir a cara a alguém da Zon, está visto).

Os homens adoram ver pornografia. E vêem muita. Sim, muita. E todos temos pena de não podermos ver mais. O nosso sonho é o de sermos assinantes de um canal de pornografia, que até são baratos. Só que isso trar-nos-ia uma imensidão de problemas em attach. E é sobre esses problemas que me irei debruçar.

Primeiro, caso fossemos assinantes de um Hot TV desta vida, teríamos de convencer a nossa mulher/namorada de que pagar para ter um canal porno não faz de nós uns depravados ou doentes mentais. E não faz.

Segundo, escolher o timing certo para ver o Hot TV. Por nós, seria a qualquer hora. Mas com uma mulher em casa é tudo mais difícil. Lá vêm elas com o “aí ca nojo!”, “mas o que é que tu estás a ver?!”, e a virarem a cara com ar de asco. E aqui se me levanta outra grande questão, que só vocês, meninas, poderão responder: mas as mulheres não gostam de pornografia?

Eu acho que sim, que gostam, mas poucas o admitem publicamente. E não percebo porquê. Ou melhor, percebo, não querem parecer umas depravadas. Mas olhem que nós não achamos isso, a sério, até vos valorizamos e batemos palminhas por termos a sorte de ter ao nosso lado uma senhora moderna e descomplexada.

Mas pronto, por norma, nós não assinamos a Hot TV. Por isso, e porque parece que é socialmente condenável dizer em público que gostamos de pornografia, procuramos outras formas de matar o vício. Sacamos filmes porno da net e gravamo-los em pastas no disco rígido com o nome “Estatísticas do Benfica 2006/7”, que sabemos que vocês nunca irão abrir. Outra situação comum é a troca de filmes entre amigos – que gravam DVD uns aos outros com uns filmes porreiros. Há ainda a possibilidade de alugarmos no videoclube. Mas aí, lá está, só se for daqueles vídeo-clubes de 24 horas, com uma caixa cá fora – tipo Multibanco – onde ninguém vê o que estamos a escolher. Porque é complicado andar dentro do clube a ver a prateleira onde constam títulos como “Elas gostam é de nabo”, ou “Cus em acção 28”. Se não conseguirmos nada disto, ainda temos a pornografia dos pobres, que são aquelas rubricas do Fashion TV, a partir da meia-noite, onde umas gajas se descascam razoavelmente. Não é a mesma coisa, mas um gajo ainda se diverte.

Por tudo isto, minhas caras, já sabem: os vossos homens adoram pornografia. Não os censurem, não os condenem, antes, libertem-se e apoiem-nos. Até porque no fundo vocês também adoram, mesmo que ainda não o saibam.